“O
movimento de [auto]transformação, numa compreensão dinâmica, tem como passo
primordial a autoaceitação, mesmo que isso inicialmente nos cause um embaraço,
como se este ‘aceitar’ fosse uma forma de acomodação ou conveniência.
Quando
alguém é efetivamente capaz de aceitar como se encontra e acolher suas
imperfeições, por este simples gesto, se verdadeiro, já iniciou o
desenvolvimento da mais importante virtude que se opõe ao ego adoecido: a
humildade.
Como
é possível amar alguém – a mais meritória de todas as virtudes – se primeiro
não aprender a aceitá-lo como é? Então questionamos: seria possível alguém
aceitar outra pessoa sem que seja capaz de fazer isso consigo próprio? Seria
possível fazer um movimento emocional com o outro, o qual eu desconheço?
Por
tudo isso, concluímos que quando nos aceitamos indistintamente, somos capazes
de aceitar os outros. E aceitando os outros, conseguimos conviver, compreender,
ser indulgentes, misericordiosos e capazes de perdoar. E o que é o amor, o
sentimento por excelência, senão a vivência de todas estas virtudes? Basta
aceitar-se verdadeiramente.”
(Marlon
Reikdal, psicólogo junguiano, Curitiba/PR
in Refletindo a Alma, Salvador: Ed. Leal, 2011, pg. 390;)