“Qualquer tipo de relacionamento deve ter como estímulo a
amizade e o desejo honesto de que ambos sejam satisfeitos, sem que haja
predomínio de uma vontade sobre a individualidade do outro. Por isso é
necessário cuidarmos para não julgar precipitadamente o outro e estabelecer
conceitos equivocados pelos efeitos que o outro gerou em nós. (...) A
generalização e o preconceito são frutos da nossa incapacidade de conhecer o
outro e do medo de nossa própria mediocridade escondida na nossa sombra
interior, que é projetada no outro.”
(Gelson L. Roberto, mestre em Psicologia
e analista junguiano; Porto Alegre/RS)
-o-
“Esta é a era em que a ciência e a tecnologia demonstram a
enormidade da consciência humana, pois em nenhuma outra época da história da
humanidade chegou-se tão perto do domínio da natureza física, mas é também o
período em que a incapacidade de compreensão da natureza psíquica, a alma,
manifesta-se tão terrivelmente como nunca. Nunca na história da Humanidade
precisamos tanto de Deus. Nunca foi tão urgente para o homem e a mulher o
encontro consigo mesmo. (...)
Falta-nos o conhecimento de nós mesmos. O homem e a mulher como
seres no mundo perdem-se em seu vazio de sentidos. (...)
As inscrições na entrada do templo de Apolo, em Delfos,
apresentam muita significação na sociedade atual: ‘Conhece-te a ti mesmo’ e ‘Nada
em excesso’. O século XXI chegou e o autoconhecimento não, ou melhor, os
indivíduos não conhecem a própria sombra e tudo o que conseguiram foi
transformar a sociedade na ‘sociedade do excesso’, é gente demais, violência
demais, poluição demais. (...)
E nessa sociedade que toma como ponto de direção o materialismo,
é fácil deixar-se guiar pelo mundo do dinheiro e dos objetos e esquecer-se das
riquezas do mundo interior, vivendo-se de forma unilateral. Mas, como afirma
Jung, ‘quando os conteúdos inconscientes
ficam reprimidos por serem continuamente ignorados, acabam por impor sua
influência sobre o consciente, uma influência de caráter patológico. É por isso
que ocorrem distúrbios nervosos’. E esse é muitas vezes o ponto de partida
para a depressão. (...)
‘O homem não pode suportar uma vida sem significado’ (Jung).”
(Iris Sinoti, especialista em terapia
junguiana e RH, terapeuta transpessoal; Salvador/BA)
-o-
In Refletindo a Alma, Ed. Leal, págs.
287 e 299 a 303.
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