Muitas vezes, por esperar a oportunidade ideal, de um emprego que
nos dê a mais ampla satisfação das necessidades, a felicidade plena, perdemos
chances maravilhosas de crescimento e realização.
Não existe o trabalho ideal. Estamos sempre querendo alguma coisa
mais. Alcançamos um nível e logo olhamos para o próximo desafio. E isto é bom.
É sinal de que estamos vivos e nosso potencial é infindável.
Da mesma forma, a satisfação das necessidades não tem fim.
Realizamos um sonho para, logo em seguida, elegermos outro. Também isso é bom –
dar-se por satisfeito em tudo é o mesmo que estar morto.
Resta o aproveitamento do momento que passa. Tirar dele tudo o que
for possível, para nossa felicidade e construção do futuro.
Nosso trabalho ocupa a maior parte da nossa vida e é crucial para
nossa subsistência. Estamos sabendo explorá-lo, seja qual for, de forma
inteligente?
Podemos ser felizes em qualquer trabalho? Qualquer atividade
profissional pode nos preencher e ensinar?
Sem querer ser atrevido, arrisco a dizer que sim – qualquer um de
nós pode ter momentos gratificantes no emprego/ocupação que temos. E felicidade
não é mais do que a soma de bons momentos. É questão de usar a inteligência,
aumentar o número desses bons momentos e ampliar sua abrangência – em tempo,
intensidade, horizontes, etc.
Sofremos no emprego que temos, na maior parte do tempo, porque
focamos seu lado espinhoso – e qual trabalho não tem seus espinhos? –, enquanto
sonhamos com o emprego que gostaríamos de ter.
Um exercício que vale a pena fazer: listar os pontos bons, as
oportunidades interessantes do seu trabalho. E não se deixe enganar por
afirmações do tipo:
─
“Meu serviço não tem nada de interessante.”
─
“Esse trabalho não tem nada a ver comigo.”
─
“Não aprendo nada com esse trabalho.”
E outras...
Normalmente são afirmações da nossa má vontade em relação ao
serviço que realizamos, ou de nossa preguiça em pensar um pouco mais. Sempre,
pode apostar!, podemos encontrar alguma coisa positiva em nosso trabalho. A
questão é querer. Você quer, realmente, ou só fala que quer, da boca pra fora?
É muito mais fácil posar de vítima do que ter autocrítica. Só que
a auto-piedade é uma vergonha e nos mantem algemados ao atraso.

Vamos tomar como exemplo um vendedor de livros. Mas o raciocínio
serve para qualquer trabalho.
Como você vê sua atividade?
E como se vê dentro dela? Quando lhe perguntam o que você faz, sua resposta é
evasiva, do tipo “trabalho com vendas”, ou, pior ainda, depreciativa – “ah,
trabalho com vendas, enquanto não aparece alguma coisa melhor”? Ou você
valoriza sua atividade e valoriza-se dentro dela?
- “Trabalho na área comercial da Empresa X; sou vendedor de livros.”
- “Atendo em vendas na Empresa Y; sou vendedor.”
- “Sou vendedor de livros e estou empregado na Empresa Z.”
Como você vê sua profissão e como você se vê como profissional,
define você e seu meio. Aposte nisso.
Um operário da construção pode se ver como um mero quebrador de
pedras, ou pode saber-se alguém que auxilia na construção de uma grande obra,
quebrando as pedras que são necessárias. Questão de olhar íntimo, de escolher o
que focar.
§-§

1) Observe seus
colegas – perceberá que a maioria apenas “empurra com a barriga”. Do início do
expediente ao fim, arrastam-se pelos corredores da loja, fogem dos clientes,
envolvem-se em grupinhos de bate-papo, odeiam cada minuto que passam ali dentro
(sem se darem conta de que estão odiando a si mesmos, por se obrigarem a “esse
trabalho desgraçado”). São zumbis de carteira assinada. Decida-se a não ser
mais um deles.
2) Você é mais
um vendedor de loja, ou empenha-se para ser “o vendedor”, diferenciado,
competente? É só mais um na folha de pagamento, ou busca ser o tipo de
profissional que todo empresário que se preza gostaria de ter?
Se você se empenha para ser “o
vendedor” e seu empregador não enxerga isso, não se preocupe, o concorrente
dele enxergará. É questão de tempo.
3) Como vendedor,
você é um “respondedor de perguntas”, ou um “tirador de pedidos”, ou procura
atender às necessidades dos possíveis compradores? Entende quais são suas
demandas e procura ajudá-los realmente, ou quer apenas livrar-se de um chato,
que lhe atazana com perguntas e pedidos?
Se você procura ser um “solucionador
de problemas”, ou “alguém que pode ajudar”, saiba que os clientes tendem a
“percebê-lo”, e vão lhe procurar sempre que precisarem de livros.
4) Você é só
mais um na folha-de-pagamento de sua empresa, por acaso na posição de vendedor,
ou procura valorizar cada centavo que ela gasta com você? Você é despesa ou investimento? Dá feedbacks
possíveis para a gerência, área de compras, etc., sobre itens mais procurados,
mas que a loja não tem em estoque? Apresenta sugestões sobre a melhor
disposição e arrumação das estantes? Viu alguma coisa interessante no
concorrente, que sua loja poderia aproveitar? Ou alguma falha que pode ser
corrigida facilmente? Critica, com fundamento e educação, mas também dá
sugestões quanto à solução?
Não se limite a dizer que sua
empresa não dá espaço para isso. Na maior parte das vezes pode ser preguiça
sua. Há maneiras sutis de sugerir, ajudar, criticar, sem parecer que está
fazendo isso. Ache alguma!
E, mais uma vez, se seu empregador
não enxerga ou valoriza seu esforço, o concorrente o fará.
5) Se seu
propósito de vida está noutro local, que não na venda de livros, pergunte-se
como seu emprego atual pode ajudá-lo a atingir sua meta. Talvez lhe sustente,
até você encontrar o caminho para seu sonho. Talvez financie sua formação
profissional. Talvez lhe propicie experiências, treinamento prático de
habilidades que precisará lá.
Ache esses pequenos tesouros, valorize-os e explore cada
chance de aprender e crescer.
Algumas dicas:
─ Peça ao seu empregador que disponibilize para você e os demais
vendedores, cartões de visita da loja, para distribuir aos clientes, com
telefones para contatá-los quando precisarem de algum livro. Não deixe de
acrescentar seu nome e celular (à mão mesmo), para ser dado pelo menos àqueles
clientes especiais.
Tenha cartões pessoais, sem o nome
do empregador. Custam menos do que você imagina.
Essa dica vale para qualquer
profissão!
─ Procure conhecer quais são as demandas dos principais clientes – o
que mais procuram? Como você pode ajudá-los mais?
Eles o marcarão, pode acreditar.
─ Procure conhecer tudo sobre o mundo dos livros. Se não gosta de
ler, trate de aprender a gostar. Torne-se um “vendedor de livros que ama
livros”, ou será um escravo deles, um zumbi entre as prateleiras.
Leia os cadernos de leitura dos
principais jornais e revistas – notícias, lançamentos, eventos da área. Esteja
apto a conversar sobre livros com qualquer cliente. Não precisa ser um
especialista – apenas ame os livros e ache uma linha que mais o agrade (romance?
Poesia? Ficção científica? Filosofia? Religião? Divulgação científica?...).
§-§
Bom! Poderíamos escrever páginas e páginas sobre isso. Mas vamos
resumir numa frase
Procure
ser o vendedor que seu empregador não gostaria de perder, e que o concorrente
adoraria roubar.
É possível e está em suas mãos.
Colocando em prática essas reflexões e dicas, você poderá ser
feliz no que faz, prosperar e buscar sua realização.
Grande abraço!
-o-